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O Bordado de São João dos Patos/MA

O município de São João dos Patos, com uma área de 1.500,661 km2, situa-se a Sudeste do Maranhão e faz parte da Mesorregião do Leste Maranhense e da Microrregião das Chapadas do Alto Itapecurú (MARANHÃO, 2002, p. 9). O referido município está situado na área que contém três unidades geomorfológicas identificadas por chapadas, chapadões e ciestas.

Visão geral da cidade de São joão dos Patos - MA.

Historicamente o município de São João dos Patos surgiu no moldes da corrente pastoril. Quanto ao povoamento, de acordo com Brasil (op. cit.), os primeiros povoadores de São João dos Patos eram lavradores e criadores oriundos do município de Passagem Franca em busca de solos férteis. Moreira (2003) afirma que os primeiros a chegar em São João dos Patos, foram Bento Silva Moreira e Marcelina Gonçalves, que migraram do Ceará. Instalados na nova morada os primeiros habitantes trataram de melhorar a qualidade do ambiente; com isso investiram em gado e outros animais vindos do Piauí, com destaque para os patos que povoaram a lagoa, que passou a se chamar Lagoa dos Patos (MOREIRA, 2003).

Ressalta-se ainda que foram os primeiro habitantes patoenses que deram início a tradiçao de festejar São João Batista que segundo Veloso (2003). Por muito tempo, conta ainda Moreira (2003), São João foi festejado na

sede da morada velha, no povoado Lagoa dos Patos; a idéia de costruir a capela onde é hoje a igreja matriz, considera-se o núcleo de povoamento que originou a cidade.

Aos poucos o povoado foi crescendo. No dia 19 de março de 1892, pelo Decreto Estadual nº 130, foi criado o município e a Vila, sendo instalado no dia 20 de abril do mesmo ano, com o nome de São João dos Patos (FERREIRA, M., 1967). Por motivo desconhecido, o decreto nº 75 de 22 de abril de 1931 (MARANHÃO, 1931a), o município de São João dos Patos foi extinto e passou a pertencer a Barão de Grajaú, entretanto, no mesmo ano voltou a ser restabelecido através do Decreto nº 121 de 12 de junho de 1931 (MARANHÃO, 1931b), adquirindo novamente a autonomia administrativa. Com o crescimento populacional e com uma boa estrutura funcional, houve a necessidade de elevar a Vila à categoria de cidade pelo Decreto Lei nº 311 de 02 de março de 1938 do Governo Federal (MARANHÃO, 1938a).

D. Noca.

Antes da atual denominação, o município de São João dos Patos recebeu várias outras. Inicialmente, segundo Brasil (1959, p. 337), o pequeno lugarejo se chamou "Lagoa dos Patos". Com o povoamento, o lugarejo se expandiu e também mudou de nome, dessa feita para "Lagoas" por estar localizado entre duas lagoas. Com a chegada da imagem de São joão Batista e a construção da capela a segunda lagoa existente passou a se chamar "Lagoa de São João", e com isso a localidade recebeu também a mesma denominação (MOREIRA, 2003). A atual denominação é resultado da fusão dos nomes das duas lagoas, a de Patos e a de São João, que de acordo com Ferreira (1967), foi escolhida por aclamação popular, isto porque segundo Silva, I (2003), por motivos atuamente desconhecidos, uma parte da populção queria que a cidade se chamasse "Iguarajuba", fato que ocasionou uma eleição para a denominação do nome.


Dentre os administradores na história de São João dos Patos, destaca-se a figura de Joanna da Rocha Santos - a Dona Noca (1892 - 1970), que é um caso singular no Maranhão e no Brasil, por se tratar da primeira mulher a exercer o cargo de prefeita.

De acordo com Rios (S/D), o município em relação à altitude média, está em 5º lugar na classificação dos municípios mais altos do Maranhão. Na sede do município a altitude é de 220m, ressaltando como pontos mais elevados, o morro denominado Pico com 240m, os morros Dois Irmãos e o morro do Chapéu com 330m (BRASIL, 1959, p. 337). Na sede, percebe-se a presença dos morros: Pelado, da Televisão, do Mocó, Santa Terezinha, entre outros.

Na flora daquele município, destacam-se espécies como: pequi (Cariocar brasiliensis), faveira de bolota (Parkia platicephala), bacuri (Platonia insignis), sucupira (Recordoxylon amazonio), ipê amarelo    (Tabebuia  caraiba),   jatobá   (Cupanha  sp),  sapucaia  (Lecythis  idatimon),    tamboril

(Enterolobium contortisiliquum), etc., as palmáceas: babaçu (Orbygnya oleifera), macaúba (Acrocomia aculeata), tucum (Bactris setosa), pati (Syagrus botryophora), buriti (Mauritia vinifera), juçara (Euterpe sp).

A fauna de São João dos Patos é bastante variada, podendo-se encontrar mamíferos como onça (Felis onca), quati (Nasua nasua), macaco (Cebus apella libidinosus), tatu (Cabassous unicinctus), peba (Eupharactus sexcimetus), veado (Mazama americna), raposa (Cerdocyon thaous), mucura (Caluromys lanatus), etc., répteis como : cascavel (Crotalus durissus), coral (Micrurus corallinus), jararaca (Bothrops jararaca), entre outros.

O município de São João dos Patos, devido a sua localização a sudeste, na classificação de Köppen, possui clima caracterizado como Sub-equatorial (Aw), considerado como quente, com chuvas de verão e outono, sendo que o período mais quente entre agosto e novembro, nos meses de junho e julho podem-se registrar noites frias e agradáveis.


Dentre as tradições culturais do município, destacam-se as festas religiosas, com especial destaque à "festa de junho" nome carinhoso que os patoenses costuma dar à festa do padroeiro da cidade São João Batista, que consiste de novenário que se estende de15 de junho ao dia 24 do mesmo mesmo mês, dia de São joão. Outra festa que se tornou tradicional é o festejo de São Francisco, realizado no bairro de mesmo nome. Há também a festa de São Sebastião, que se inicia com a escolha do mastro conhecido como o "pau de São Sebastião" que em grande estilo é carregado pelas ruas da cidade até a igreja onde é fincado e hasteado o estandarte com a imagem do Santo e só é arreado no dia 20 de janeiro, dia de São sebastião. Uma outra festa bem típica da região é a festa de reis ou reisado que consiste em um grupo de pessoas andando durante várias noites de casa em casa, cantando e tocando sanfona, viola ou pífano acompanhando uma toada que reverencia os santos reis.

Apesar do município no início do século XX, manifestar-se com a indústria, mesmo de pequeno porte, no final da década de 1970, com o fechamento dos dois maiores empreendimentos industruais, a atividade que resurgiu foi o artesanato, uma prática que foi passada de geração para geração na época em que as moças eram preparadas para o casamento e tinham que bordar seus enxovais.


No início a produção e consumo dos produtos artesanais eram apenas em âmbito local e aos poucos os trabalhos realizados em tecido e linhas foram chamando a atenção para além das fronteiras do município, tanto que as bordadeiras, crocheteiras, rendeiras e tecelãs intensificaram seus trabalhos que passaram a ser o "ganha pão" para o sustento de suas famílias. Dentre os trabalhos realizados, destacam-se os bordados feitos à máquina e à mão em suas técnicas de ponto cheio com crivo e o poto de cruz, realizados em linho com combinações de cores que mais parecem pinturas empregadas em peças como toalhas, colchas e caminhos de mesas, dentre doutras.

Detalhe de um caminho de mesa bordado à máquina onde se pode observar as técnicas de richelieu, crivo, ponto cheio e bainha aberta. O acabamento foi realizado em crochê.

Detalhe de produto bordado na técnica "ponto de cruz". À esquerda observa-se o lado direito do bordado e à direita o verso onde se pode apreciar a delicadesa do acabamento técnico. Segundo os especialistas, no bordado em ponto de cruz, é pelo verso do produto que se avalia o acabamento da peça.

Toda essa atividade, apesar de ser a alavanca econômica do município, ainda é predominantemente uma atividade informal, pois as bordadeiras, alías, os bordadeiros, pois já ganhou a adesão masculina, realizam seus trabalhos de forma isolada em suas residências e fornecem seus produtos individualmente para seus clientes. Atualmente existem duas associações de bordadeiras, sendo a AMAC - Associação de Mulheres Agulha Criativa e Associação Fios e Formas ligada a Casa dos Bordados que através do apoio municipal, do SEBRAE e Banco do Brasil constitui um espaço de exposição e comercialização permanente de produtos bordados.

Grupo de bordadeiras da AMAC. Lidinalva, Santana, Heloísa, Neidelaura, Luisa, Josefa, Joelma e Marcelúcia.

Reunido com grupo de Mestras Bordadeiras na Sede da Associação de Mulheres Agulha Criativa em São João dos Patos/MA. Quanta honra!

Nos dias atuais os bordados de São João dos Patos são bastante conhecidos internacionalmente, aparecendo como destaque em documentários de TV que atribuiram a localidade o título de "capital dos borados".

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